A melodia fluía por entre seus dedos e por sua pele branca de porcelana fria. Sentia-a em seus doces devaneios. Arritmias. Fechava os olhos e girava extasiada ao ritmo de um piano com notas tristes. Poderia chorar e chover lágrimas sem sal, pois não seria dor. Era prazer misturado à mais simples e pura alegria. Posicionava-se com formas de bailarina e sapatinhos de boneca. Não enxergava cores, não via gostos, não ligava para belezas mundanas. A música e sua dança eram tudo que precisava para o mundo girar.
Até que a menina fechasse a tampa da caixinha de música e sua vida se tornava uma paciente espera pela próxima corda. Pela próxima dança. Pela próxima música.
Renata Lôbo
Um comentário:
Belissimo texto, sobre a bonequinha. Quanto tempo q n passava aqui.
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