quinta-feira, novembro 05, 2009

Pecados


Percorri todo meu deserto em busca de mim mesma. E o que encontrei foi meu mar de pecados disfarçados de um cinza-camaleão.

Me perdi e me encontrei,
entre flores pálidas me deixei,
com gosto de sangue e pesadelos me alimentei.


Estou procurando. Estou encontrando. E tudo isso é meu. O que vivi e o que sonhei. Amores que sufoquei. Hematomas na alma.

Vou te expulsar de mim amanhã. Hoje ainda não. Preciso dizer seu nome mesmo que não seja para ninguém. Vou deixar minhas tristezas, minhas máscaras, minhas roupas pelo chão... e pela casa vou te encontrar perdido pela minha imensidão. – Eu te dou minhas forças para que você não se quebre quando eu te mostrar meu mundo. Para que você não se perca eu te dou minha mão. Vamos juntos só por hoje que o mundo é grande demais para se estar tão só. Amanhã eu te parto de mim com uma faca sem corte.

Vai doer.
Já te digo desde já...


Sem pressa e sem dor. Esse mundo não é meu, mas eu não tenho medo.
Não esteja lá fora quando começar a chover. Não espere para ver as lágrimas do sol. As lágrimas da lua. Não existe essa coisa de aprender a amar. Não existe isso de sentido. Destino. Me deixe ser o que quer que eu seja.


Não me ame, eu pedi. Mas não me odeie, eu implorei. Algum dia fará sentido, eu prometo. Quando me esquecer.

Minhas palavras ásperas
não mais te arranharão.


Renata Lôbo

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