quinta-feira, janeiro 22, 2009

Why Do You Lie To me?



Acho que de todas, talvez eu seja a mais cega... ou a mais mentirosa?
Quem é quero enganar com minhas verdades absurdas? Eu queria salvar tanto, sem nunca ser salva... Algum ser humano é capaz disso? E não se lamentar. Posso pintar minhas cicatrizes e elas parecerão pele sem arranhão nenhum... Isso não muda o fato de que ainda estão lá... Porque minhas verdades estão tão bem escondidas que nem eu mesma as encontro?
E se eu me esquecer das cicatrizes e pensar também que é apenas pele?
Eu consigo ver as cores como elas na verdade são? Ou tudo que tenho é meu mundo inventado? Com amarelos fingindo azuis e violetas fingindo vermelhos?E se eu acreditar que tudo voltou ao normal, talvez eu me esqueça de que na verdade eu estava dançando no teto e assistindo televisão na garagem. E talvez, aquele rosto que passa correndo pelo espelho, talvez seja meu próprio reflexo. Talvez seja quem eu sou agora.

Palavrinha boba essa: talvez.

Renata Lôbo

quinta-feira, janeiro 01, 2009


- Isso realmente dói, ela disse com o coração em frangalhos. Me diz: Isso vai passar?
Ele lhe ofereceu um sorriso terno com um pouco de culpa. A mentira na ponta da língua.
-Eu espero que sim.
- E se não passar?
-Então não passou, e tudo fica bem do mesmo jeito. Até a dor pode ser companhia agradável quando a solidão é tudo que nos resta.
- E se passar?
Ele abriu a boca e fechou duas vezes preso dentro de alguma revelação de sua própria mente. O medo encaroçou seu pescosço. Nunca havia pensado nisso.
- Eu não saberia viver sem a minha... era uma confissão pura e ingênua. Mas era necessário que ela soubesse... o perigo que era perder aquilo que a ligava àquele mundo que ela estava perdendo... Talvez as pessoas pudessem ser diferentes. O medo de novo. Talvez a dor adormecesse em algum momento e se tornase apenas uma segunda camada invisivel, a roupa tocando na pele; e a saudade, pensou, talvez se tornasse apenas um cisco esquecido no canto do olho cego... Não conseguiria mentir. Não quando sua própria verdade estava exposta em sua cara. Calou-se pelo bem dos dois. Pelo menos ela não chorava. Isso era a dor se moldando em sua pele. Entendeu logo de cara.
- Aceite o que você tem agora. Soltou essa palavras antes de lhe dar as costas e ir embora soluçando medos e saudade.

Renata Lôbo