segunda-feira, novembro 21, 2011


Levando sustos pelo tempo. Acariciando as horas, que me mordem, cínicas.
Porque não é você que me persegue, mas o seu fantasma. A memória daquilo que não vivi. O desejo daquilo que não tive. Por isso que toda noite, antes de dormir, eu peço para quem quer me escute, para quem quer que cuide de mim, quem quer que esteja aqui. Por favor, por favor, me livra dessa obsessão, por favor.
Toda vez que sonho com você, isso me parte o coração. Toda vez que não sonho com você, me parte o coração também - quando você não aparece nesse faz de conta para me desejar boa noite, para fazer meu coração disparar e me sorrir esse cheiro que só você tem, tão seu, tão meu. Está faltando seu sorriso por aqui. Me parte o coração você nunca estar nas esquinas do meu mundo. E eu continuo pedindo, por favor, por favor, me livra dessa obsessão. Mas é que ficou tudo tão complicado que só a solidão ficou me fazendo companhia, e a sua voz sumiu do meu ouvido, e eu nem entendo nada disso. Tudo que me restou foi uma única lembrança que eu insisto em esquecer, que eu não olho nos olhos por medo, porque eu não sou uma lembrança e essa mão de via única que me dói inteira. Se eu me deixar guiar por isso que não entendo e mal aceito, vou acabar batendo contra os postes da sanidade, e isso pelo menos eu sei. Porque é só o seu fantasma que eu vejo. Por isso eu peço por favor, por favor...

Renata Lôbo