Mas é que ele também não conseguia resistir ao seu charme de menina perdida, sem notar que estava mais para demônio, perdição... Ele, sutil caça, vítima de seu jogo infantil, menina entediada. Não entendia que o perigo às vezes vem mascarado. Marcas se fixariam em sua pele dizendo que o tempo passava encarnado nas horas, ao seu lado, era um amador inexperiente e o mundo era um gosto viciante a descobertas.
E ela, que permitira que esse estranho aproximasse, já preparada a novos espinhos que abraçariam seu coração e levariam um pedaço de sua alma, olhou um pouco desajeitada esperando o golpe que lhe mataria uma vez mais e este não vindo, deixara-a ainda mais arisca por baixo de sua máscara dócil. Já até ensaiara aquele beijo de até nunca mais e, surpreendentemente - ou não - já conhecia até o gosto que ele teria. E a princesa em seus olhos desaparecia . Surgiria lentamente então, nuvens manchadas de um eterno cinza até que um novo sol as pudesse afastar para depois as deixarem mais cinzas ainda.
Como então que viver entre os sonhos de alguém pode ser perigoso?! Como amor é presente mais sincero, poderoso e tolo?! Como então que lágrimas de chuva doem tanto quanto as lágrimas de sangue? Por que na escuridão da alma é onde o amor e os perigos nascem. A escuridão na alma. E o mundo era uma eterna faca de dois gumes.
Renata Lôbo
Um comentário:
Pequenos relatos de uma alma calejada e a visão de outra esperançosa e tola... É engraçado a forma com que se entra em amores novos, sem esquecer dos velhos e já se preparando para as decepções futuras... Ah se as pessoas fossem melhores...
Não fariam besteiras... Nem machucariam aqueles que amam. É uma pena q reconheco ser uma pessoa das piores..
Cuide da sua alma mas nunca a esconda do mundo mocinha..
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