domingo, dezembro 08, 2013


Tanta coisa pode dar errada, tantos momentos de desastres catastróficos evitados por um triz. Do acordar até o dormir, tantas coisas podem acontecer, tantos tetos podem desabar, me soterrar, me desaparecer. Qual o momento? Qual a hora mais escura do dia? Como se achar e se perder e se achar e se ter e se vender e se perder e se deixar e se levar? Sempre por um triz. Sempre por um fio, um arranhão, uma beira, um abismo me engolindo. Se você sabe o caminho e o caminho não está? Se você tem o relógio e não as horas? O sol, mas não o calor? Como se encontrar no entulho do dia-a-dia-a-dia-a-dia?... Cadê meus sonhos e minhas horas? Cadê minhas fantasias de cataventos infantis? Magia. Cores. Algodão-doce. Nuvens de algodão. E naquele sonho de realidade barata em promoção, naquele sonho de vento cantado e sonhos inventados... As horas desabam sobre minha cabeça. Os sonhos... Onde tantos, agora tão poucos. A ordem é recomeçar. Do nada. Pra nada. A ordem é ser. A ordem é inspirar e expirar e inspirar e expirar e inspirar. Retome o fôlego, uma nova caminhada te aguarda. Cadê o sentido? Cadê o Norte? Cadê meu eu? Isso é a vida. Te testando. E todos assistem. Sua derrota. Sua glória. Isso é o mundo. O inevitável do mundo. O inevitável de tudo. Respire fundo. Mais uma vez. Vai começar. O surto psicótico silencioso amortecido por um elo entorpecido. Vai começar. Aplausos no final da estrada, no fim da linha. Silêncio absoluto. O que sou eu está caminhando com um sorriso desbotado e afetado. O que sou eu tem a força de um tufão e quebra tudo e destroi tudo e some com tudo. O que sou eu não te quer e nem te entende e nem te tenta e nem te sonha. O que sou eu aguarda uma não-salvação, porque ninguém pode me salvar, nem te salvar. O que sou eu sonha acordada, mas não entende nada. Aquilo não sou eu. Aquilo nem sei o que é. Aquilo me deixou sem palavras e sem direção. Aquilo me devastou de dentro pra fora de fora pra dentro de sonho pra nada de nada pra nada. Ponto final. Escolha final. Me pegue pelo chão. Meus pedaços, meus rastros. Me ache no caminho. Finge que não é nada disso. Finge que entendeu até o que eu não entendo. Finge que não é sua a minha confusão.

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