Verdade seja dita, ninguém me deixou cair, eu caí por conta própria. Cortei as cordas que me ligavam àquele mundo e pulei de olhos fechados enquato aspirava o ar rarefeito. Assumo meus erros, minhas culpas, minhas faltas. Assumo meu não estar, meus sonhos picotados, sua foto esquecida. Assumo tudo que destrui com mãos ávidas pelo fim. Assumo minha queda, meu abismo e tudo que em mim dói. E que te dói. Ou te doeu.
O ciclo se completa, ou se fecha. Estou fugindo de novo. Procurando, talvez. Ou fingindo ter certeza de que o quebra-cabeça pode ser refeito. Mas falta um pedaço, uma parte. Uma parte que ficou escondida em escombros perfeitos. Assumo essa culpa também. Estou sempre me boicotando, me achando de amor inútil e inocente. Ópera de amor fugaz.
Então eu vou chover por hoje. Só hoje. Amanhã é outra promessa.
Não era um sonho, afinal de contas.
Renata Lôbo