Porque eu queria palavras que me dissessem, que te dissessem, olha, foi assim que aconteceu. Mas esse é um segredo só meu. De tempos remotos e sorrisos secretos. Te trago aprisionado aqui, sem contar para ninguém. Sem me dizer e sem te dizer. Minha vida é repleta de coisas não-ditas e sonhos subentendidos. Te guardei entre eles. Nenhuma palavra vai explicar com exatidão, com pontos certos e vírgulas cortadas. Nenhum rosto vai me ver quando sua falta me aquece. Nenhuma voz vai me alcançar murmurando promessas de futuro bom pós-coração-partido. Não deixo. Minhas fraquezas me consomem e um dia, ao sair da cama, não terá restado nada, e ninguém poderá entender o que exatamente ficou. Restos no lixo, pedaços picados de uma história secreta. Você foi meu. Mas não foi suficiente. Um cego tentaria entender entre palavras comidas a verdadeira face da verdade. Um cego enxergaria essa história carcomida e vomitada entre sonhos esquecidos e promessas mal contadas. O resultado disso tudo é, talvez... outro segredo. Que não conto para não me assustar. Que não conto... Perdida no espaço ignorante de sentimentos que não quero e lembranças que não procuro. Vou viver meu dia agora, minha vida agora... Que amanhã é outro entardecer muito mais vermelho, muito mais meu. Sem futuros vazios.
Palavras de ninguém vão explicar o que aconteceu. Palavras de ninguém vão explicar quem eu sou, porque isso também é segredo que você simplesmente desperdiçou.
Já chega, né? Porque estou cansada de me doer, de não me querer, nada aqui. Cansada de ser a última nessa história mal terminada com verbos incorretos e passados amedrontados. Estou cansada de sonhos inúteis... Te guardo em segredo porque é só assim que sei te ser.
Já chega, né? Porque estou cansada de me doer, de não me querer, nada aqui. Cansada de ser a última nessa história mal terminada com verbos incorretos e passados amedrontados. Estou cansada de sonhos inúteis... Te guardo em segredo porque é só assim que sei te ser.
Renata Lôbo
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