Hoje. Hoje apenas. Vamos dizer assim. Estou inteira apesar de despedaçada. Não vou dizer que nunca vi essas asas bagunçadas nem esses olhos inchados. Não vou mentir nada disso. Não quero esse sonho morno nem esses dias calmos. Apesar de tantos pesares, acho que consigo montar esse quebra-cabeça e encontrar a saída. Vou admitir só hoje, só para ninguém, porque não estou buscando respostas. Prefiro as perguntas. Será que vai durar? Será que vai cicatrizar? Será que vai passar? Será que o mundo continua? Será que dá para notar? Costurando os retalhos, esses pedaços inacabados de um tempo perdido, de horas agradáveis e sonhos curados.
Não vou fazer acordos. Não vou aceitar pedidos. Quase perdi tudo isso. Quase perdi muita coisa e no final ainda acho que tenho sorte porque continuo aqui. Entrevada com dizeres inúteis e desculpas esfarrapadas. Mas ainda aqui. Inteira e intacta com ponteiros de uma bússola quebrada. Com erros acertados e uns momentinhos de absurdos agradáveis.
Posso correr. Posso me perder. Posso até sonhar com parafusos derretidos e olhos frios. Posso dizer que superei. E posso até mesmo superar de verdade e parar de sangrar essas mentiras gentis com gosto de chocolate e energético quente. Posso acordar e descobrir que toda essa realidade existe e toda a fantasia misturada nessa casa bagunçada. Refúgio. Abrigo. Qualquer coisa. Eu conserto e me acerto. Me acho e me deixo. Olho e perco. Porque nao quero nada.
Posso correr. Posso me perder. Posso até sonhar com parafusos derretidos e olhos frios. Posso dizer que superei. E posso até mesmo superar de verdade e parar de sangrar essas mentiras gentis com gosto de chocolate e energético quente. Posso acordar e descobrir que toda essa realidade existe e toda a fantasia misturada nessa casa bagunçada. Refúgio. Abrigo. Qualquer coisa. Eu conserto e me acerto. Me acho e me deixo. Olho e perco. Porque nao quero nada.
Renata Lôbo
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