Seus olhos a assustaram. Não se importava que outros tivessem aquela expressão, aquele desagrado, mas quando aqueles olhos a encontraram, não pôde deixar de sentir um calafrio e a vontade de gritar. Por Deus, apenas um grito, mesmo que nada resolvesse, mesmo que o mundo não parasse. Mas então, o que adiantaria? A decepção naqueles olhos continuaria firme. Julgando. Quase matando. Com pedradas. Fagulhas de um ódio delicado se juntavam no fundo de sua garganta. Incinerando-a. Apenas respirou sentindo aquele peso em seus ombros. Esmagando-a com a delicadeza de um sorriso bobo, então ela que se disfarçava em falso amor compreendido, como se nada importasse, e por dentro, tão dilacerada que estava, acordava em pesadelos saltitantes e escoriações em sua pálida alma assustada.
Transfigurava sua loucura em doces fagulhas de ódio moribundo, mas ainda intacto.
Transfigurava sua loucura em doces fagulhas de ódio moribundo, mas ainda intacto.
Renata Lôbo
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