- Eu não me importo com você. - disse novamente, mas dessa vez não era para ele. Era para ela mesma. Seus olhos estavam perdidos em algum lugar e quando o olhou fundo nos olhos, eles estavam pesados de alguma dor que ele não conhecia. Ela estava falando sério, e por um momento ele entendeu isso.
- Então o que você quer? Quais são as promessas em que você quer acreditar? - sua expressão era de confusão. Sua confusão não era pela pergunta, mas pela resposta.
- O que eu quero... - e seu olhar parecia vidro frio, um cômodo vazio numa noite de inverno. Quais lembranças sua mente visitava? - Amor. Mas não esse amor bobo que você promete para a sua namoradinha. Eu quero conseguir amar. E depois disso, aceitar que alguém me ame. O mundo e as estrelas que você promete não me interessam.
Ela continuou com seus olhos fixos nos dele, quase o afogando no silêncio que se instalara entre os dois. O garçom trouxe mais bebidas, e ele se pegou agradecendo silenciosamente aquela interrupção. Ela se levantou dizendo que ia ao banheiro, e vários minutos depois ele finalmente entendeu que ela não voltaria. Tomou mais algumas doses daquela bebida. O coração ainda batia de forma irregular. Quem no mundo poderia prometer ao outro a capacidade de amar? Ele se viu pensando isso horas depois, dias depois, semanas depois... anos depois.
Renata Lôbo