Vou assumir meus vícios, meus medos e meus desejos. Vou assumir quem eu sou e uma nova pessoa vai assumir meu estado publicamente. Não tenho medo de mim. E o que os outros pensam, nem me arranha.
Quero o incontrolável e meus venenos açoitados com um véu transparentíssimo em que a ilusão é uma alusão aos meus ritmos, minas rimas, meus acasos. E se eu viver a minha vida, quero estar certa de que minha loucura é a chave pra mim, e que nada disso importaria. Meus encantos de marfim. Minhas mágoas tão bem guardadas com palavras empertigadas de elogios baratos, e o que se procura não é o que se encontra, mas o que se encontra é tão essencial que as escolhas seriam feitas duas ou três vezes, sem nunca se alterarem, e o resultado não pode ser descrito, pois o enigma é muito mais importante do que qualquer passo mal dado, se o que se tem é tão incomparável e tão torto, que me erro é meu maior acerto.
Queria te mostrar isso. Que você visse essa realidade tão banal e brilhante que me enche dessa alegria morna e inesperada. E eu não vou escalar morros patéticos apenas pela glória. Mas te levo comigo para essa tão longa caminhada sem destino, e onde me encontrarei é meu maior mistério, que desvendarei confiante e de olhos fechados... - como quando te encontrei, tão simples. Tão simplesmente.
Renata Lôbo