quinta-feira, julho 24, 2008



Eu sei quem sou. Às vezes sei.

Eu vou cantar minhas dores, dançar minhas mortes sob uma Lua negra, caminhar sozinha de cabeça erguida, expor minhas cicatrizes com orgulho, pois me orgulho muito das lágrimas que chorei, das mortes que vivi. Sorrisos que criei, problemas que tentei. Resolvi minha vida. Soma exata, cálculo perfeito. Pessoas que subtraí. Vou me lembrar só para me esquecer em seguida. Eu não gosto do bom gosto e nem do bom senso. Ouse não se arrepender. Estou grave, a cabeça muito longe e cheia de falsos sorrisos, repleta de esperança errada e mórbida. Desejo o indesejável e invento um sorriso aceitável, onde nada disso existe. Passos largos, braços apoiados. O que o mundo decidir eu aceito e engulo. Não faremos escândalo. Tudo vai passar. Em cheio ou de raspão. Tudo vai passar. Até mesmo os sonhos do moço, que iluminado se perde no abismo arfante projetado no próprio peito. Estou vendo, assistindo os mundos desabarem e as pessoas se perderem, cruzo os braços , pois também estou perdida. Acompanho as estações. Estou quebrada, asas partidas, fada desencantada.

Renata Lôbo